sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A guerra psicológica em marcha

Manuel Enriquez Garcia, presidente do Conselho Econômico de SP e da ordem dos Economistas do Brasil e ainda professor da FEA-SP, deu uma longa entrevista a CBN domingo, dia 19, sobre a ida da presidenta Dilma a Davos. Para ele, a presidenta tem que dar garantias ao capital externo.

Segundo Garcia, o capital externo está assustado com as mudanças de regras e o intervencionismo do governo brasileiro. Ele afirmou, ainda, que é preciso mudar nossas contas públicas e o nosso modelo de crescimento. Segundo ele, um modelo apoiado no consumo e no endividamento das famílias.

Em suma: Garcia repetiu o discurso dominante na mídia, só não falou da inflação. Aliás, só faltou isso. Para ele, reagimos mal à crise de 2008. Só que ele não a considera quando avalia o crescimento do país nos últimos 3 anos, muito menos a guerra cambial e a recessão europeia.

Ainda segundo o professor, o Brasil precisa de poupança externa para crescer. Ele esquece, porém, que o nosso crescimento se apoia no mercado interno, na criação de 20 milhões de emprego, na distribuição de renda, via aumento real dos salários e gastos sociais, como ressaltou o ex-ministro José Dirceu diversas vezes aqui neste blog. Foram os investimentos públicos e o aumento do crédito que deram ao país o crescimento dos últimos 12 anos.

A questão central do debate político e econômico atual é se vamos manter o atual modelo de crescimento ou vamos abandoná-lo, voltando a depender do capital externo ou das importações para crescer.

Depois do que aconteceu em 2008 e 2009, as propostas do prof. Manuel Enriquez Garcia soam irreais e irresponsáveis. Ele se esquece, mas vamos avivar sua memória: o crédito externo simplesmente desapareceu em 2008; e se não fosse o governo e os bancos públicos, o Brasil teria sofrido uma das piores recessões de sua história.

Não pode haver desconfiança do capital externo com o Brasil que paga há 20 anos, religiosamente, royalties, lucros e dividendos, empréstimos e juros; tem quase US$ 400 bi de reservas e não deve ao FMI. Pelo contrário, é credor.

O Brasil é um país que faz superávit há 15 anos e mantém a dívida pública líquida entre 34% e 36% do PIB, a dívida bruta dentro dos padrões aceitáveis e seu déficit nominal sob controle.

Assim, nossas contas públicas e externas estão sob controle. E se o país enfrenta dificuldades, não se pode desconhecer a guerra cambial e o expansionismo monetário dos EUA e Japão. Muito menos o crescente protecionismo e a queda dos preços das commodities.

Se os bancos públicos assumiram o papel agora criticado foi porque o sistema bancário privado não respondeu à crise de 2008. E mais: sem o crédito a juros subsidiados dos bancos públicos não haveria o Brasil de hoje.

Também não se pode desconhecer os investimentos dos PACs 1 e 2, do pré-sal, e as concessões de rodovias e aeroportos que têm sustentado nosso crescimento, dando uma resposta aos problemas de infraestrutura e da logística.

O Brasil tem um dos maiores programas do mundo de investimentos em energia – constrói 3 das maiores hidrelétricas do mundo, Belo Monte, Jirau e Santo Antônio – e o pré-sal é uma garantia para o futuro. (Blog do Zé Dirceu)

Nenhum comentário:

Postar um comentário