terça-feira, 19 de março de 2013

Sessão devolve mandatos cassados pela ditadura

“A graça divina me permite viver um momento como este que incorpora a justiça mais de meio século após eu ter conquistado mais de 70% dos votos dos paraenses e ter chegado ao governo do Estado e depois ter o mandato cassado, usurpado pela ditadura militar”, definiu o ex-governador Aurélio Corrêa do Carmo que, com quase 92 anos, foi um dos políticos cassados pelos militares, após o golpe militar de 1964, que recebeu o mandato de volta, simbolicamente, da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (AL). 

O golpe militar mergulhou o país em um regime de exceção de direitos durante mais de duas décadas e, ontem, até políticos cujos partidos foram apoiadores do golpe, se uniram para rechaçar a ditadura militar. 

Visivelmente emocionado, contudo sereno, Aurélio do Carmo agradeceu a todos que lutaram pela democracia e pela organização da solenidade de devolução dos mandatos políticos cassados durante a ditadura no Pará.

A solenidade realizada na AL e presidida pelo deputado Márcio Miranda (DEM) foi proposta pelo presidente da OAB-PA, Jarbas Vasconcelos e pelo ex-deputado estadual e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Nelson Chaves, seguindo o exemplo do Congresso Nacional, que restituiu os mandatos dos parlamentares federais cassados pelo regime militar.

Além de Aurélio do Carmo, o único político que ainda em vida obteve a reparação da violência contra a democracia foi o ex-deputado estadual Amilcar Moreira. “Embora tardio, me sinto feliz com esse reconhecimento. Significa uma reparação pelo erro cometido contra nós parlamentares cassados injustamente”, afirmou Moreira, também emocionado. Ele acredita que este tipo de ato, mesmo simbólico, ajuda as novas gerações a conhecer a história e a lutar para que esta violência não ocorra novamente. (DOL)

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