domingo, 3 de fevereiro de 2013

O eterno parceiro

O PMDB, que acaba de eleger Renan Calheiros presidente do Senado e deve repetir a dose na Câmara, com Henrique Alves, é um partido ímpar na história política brasileira.

Um partido, em tese, se constitui para o exercício direto do poder; o PMDB, não: investe no papel de coadjuvante. Descobriu nesse veio uma engenhosa forma de garantir os interesses de seus dirigentes, sem o desgaste que o exercício direto do poder acarreta.

A única experiência na Presidência da República foi com José Sarney (1985-1990), que, à época, era um recém-chegado, acomodado à legenda por imperativo legal, para compor a chapa com Tancredo Neves.

Ele acabara de fundar a Frente Liberal (depois PFL, hoje DEM), dissidência do PDS (ex-Arena), que presidira ao tempo do regime militar. Ali estavam suas raízes e amizades.

Suas relações com o PMDB de então foram, a princípio, incômodas. O partido tinha chefe, Ulysses Guimarães, uma pedra no sapato por todo o tempo em que Sarney esteve na Presidência da República. Ainda não era o partido de hoje, federação de interesses regionais, conduzido por chefes políticos interioranos.

Foi somente após a morte de Ulysses que o PMDB adquiriu o formato atual. Esteve com Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma.

Pode-se ter dúvidas sobre quem será o próximo presidente da República, mas há ao menos uma sólida certeza: o PMDB será o parceiro principal, sócio vitalício do poder.

Cada estado é um feudo e cada feudo tem dono. Lá estão Jáder Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL), José Sarney (AP e MA), Henrique Alves (RN), Romero Jucá (RR), entre muitos outros.

A rigor, há apenas duas exceções relevantes a essa regra: Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE), que o partido, por isso mesmo, nem contabiliza como correligionários. O grande mistério é saber por que lá permanecem. (Ruy Fabiano)

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