segunda-feira, 19 de março de 2012

Pará é líder em condições precárias de saneamento básico

O Pará encabeça a lista entre os Estados da região Norte, onde 5.251 crianças e jovens entre 0 e 17 anos vivem em condições inadequadas de saneamento, segundo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. São 2.629 pessoas nessas condições no Pará, seguido pelo Amazonas com 1.120. Elas se enquadram nas situações descritas pelo relatório 'O Estado das Crianças do Mundo de 2012: Crianças no Mundo Urbano', divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e Juventude (Unicef) sobre experiências de pobreza e exclusão vividas por bilhões de crianças e jovens em todo o mundo. Ainda segundo o IBGE, 11,42 milhões de pessoas vivem em favelas, palafitas ou outros tipos de assentamentos irregulares no Brasil.

Na Cabanagem, um dos bairros mais violentos da capital, não é difícil encontrar situações como as retratadas pelo relatório de 141 páginas. A doméstica Francinete Maia divide a casa de madeira, construída pelo marido em uma área de invasão, com outras oito pessoas, três delas entre 1 e 5 anos. Não há creches ou escolas de ensino infantil, nem pavimentação ou saneamento, mas ela só reclama da falta de lazer para os netos. Conseguimos, com sacrifício, pagar uma escolinha particular. O problema maior é a violência e não ter para onde levá-los para passear. Aqui não tem praça. No final da tarde, eles se arrumam e não têm para onde ir. “Não podem ficar na porta, porque é perigoso, e nem tem outro lugar para sair”, reclama a doméstica, cuja renda familiar não excede três salários mínimos por mês. 'O único lugar onde eles ainda vão passear é em um supermercado que inaugurou aqui próximo há pouco tempo. Mas não dá pra ir sempre', diz.

Na Terra Firme, célebre pelos altos índices de violência, uma adolescente de 16 anos mora em uma casa de madeira na avenida Perimetral, com outras seis pessoas. Na residência de dois andares praticamente não há móveis. O banheiro fica do lado de fora e a situação é de vulnerabilidade total. Estudante da 8ª série do ensino fundamental, ela anda cerca de três quilômetros todos os dias para chegar à escola e diz 'sentir falta' de alguns serviços no bairro. 'Gostaria que a minha escola fosse mais perto, porque as aulas começam às 13h30 e o sol está forte nesse horário. Além disso, aqui é muito perigoso, não podemos sair à noite, não há biblioteca pública, nem locais de acesso gratuito à internet. Quando preciso fazer um trabalho para a escola, tenho de pagar um cyber, mas nem sempre tenho dinheiro', conta ela, ao relatar que dificilmente sai de casa à noite. (Portal ORM)

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