Perplexo, como muitos brasileiros, com o comportamento da Rede Globo frente a um possível crime sexual envolvendo dois participantes do Big Brother Brasil (BBB), no último domingo (15.01), chamo a atenção para o manifesto aberto de entidades de direitos humanos, de defesa das mulheres e de comunicação. Elas exigem a imediata responsabilização da emissora pelo episódio.
Apontam dois fatos graves. Primeiro, a própria possibilidade de abuso sexual praticado contra a participante Monique - este já sob investigação policial. Segundo, a atitude da emissora que, além de não impedir o possível crime no exato instante em que ele supostamente ocorreria, procurou escamotear o fato. Divulgou haver um pseudo "romance" entre os envolvidos. E, em seguida, retirou do ar as imagens que comprovariam ou não o fato. Para só, então, admitir que poderia ter havido um problema no programa.
"A atitude é inaceitável para uma emissora que é concessionária pública há 46 anos e representa uma agressão contra toda a sociedade brasileira", afirma o manifesto. As entidades, ainda, exigem do Poder Executivo o cumprimento de seu papel de fiscal das concessionárias de radiodifusão. Questionam, por exemplo, a disposição da Rede Globo de explorar a concessão pública "sem qualquer limite nem nenhum cuidado com a dignidade da pessoa humana".
Lembram, também, "a ausência de mecanismos de regulação democrática capazes de apurar e providenciar ações imediatas para lidar com as infrações cometidas pelas emissoras". Sem regras claras capazes de definir a responsabilidade das emissoras em casos como este, fica mais do que evidente a urgência do debate sobre a regulação da mídia no país. "A emissora, que costuma tratar qualquer forma de regulação democrática como censura, é justamente quem agora pratica a censura privada para esconder sua irresponsabilidade", alerta o texto.
Leiam a íntegra do manifesto. Ele está aberto a adesões de entidades e redes. Basta enviar e-mail para imprensa@fndc.org.br (Blog do Zé Dirceu)
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