domingo, 5 de janeiro de 2014

Um Primo que pode solucionar o imbróglio do cartel tucano do trensalão

O redator do blog Tijolaço, Fernando Brito, propõe em seu diário, em nota publicada na manhã de hoje e reproduzida também no site 247, que a justiça brasileira faça um acordo de delação premiada com o ex-presidente da Siemens no Brasil, Adilson Primo, que dirigiu a empresa já quando ela integrava o cartel do trensalão nos transportes públicos tucanos de São Paulo.

Brito lembra que “o ex-presidente da multinacional alemã era quem operava a conta de Luxemburgo, de onde saía o dinheiro das propinas” e, por isso, acentua em outro trecho do blog: “o trem pagador andou por outros trilhos e Adílson Primo sabe em que estações ele parou”. Leiam abaixo a íntegra da proposta do Fernando Brito e os argumentos com que ele a fundamenta:

DELAÇÃO DE PRIMO PODE SOLUCIONAR CASO SIEMENS

4 DE JANEIRO DE 2014 ÀS 07:26

O melhor caminho para solucionar de vez o caso Siemens é um acordo de delação premiada entre a Justiça brasileira e o ex-presidente da Siemens, Adilson Primo, operador da conta de Luxemburgo, de onde saía o dinheiro das propinas. A conta em Luxemburgo é o nó górdio do Caso Siemens. E Primo, o que sabe de tudo

Está cada vez mais nítido que o acordo de delação premiada que se deve fazer para esclarecer o pagamento de propinas pela Siemens no Brasil não é com a empresa, mas com seu ex-presidente, Adilson Primo. Presidiu a empresa por toda a primeira década de 2000 e sabe de tudo o que se passava ali.

Seu advogado, o espertíssimo Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, sabe que essa história de que ele assinou sem ler os papéis da conta em Luxemburgo, que a própria empresa quis fazer desaparecer sem deixar pistas, não vai colar nem com SuperBonder. Primo jamais iria usar os serviços da própria Siemens para abrir uma conta se estivesse roubando a própria Siemens. E muito menos a Siemens alemã despejaria dinheiro nela, se não fosse com alguma finalidade negocial.

Se fosse um desvio pessoal de dinheiro não se mobilizaria uma trinca – dois dirigentes da empresa e um advogado internacional, para mandar Sergio de Bonna, controller da Siemens, colher uma simples rubrica numa ficha de encerramento de conta, como publica hoje o Estadão.

A história é inverossímil, de cabo a rabo. Está evidente que a Siemens quer enfiar esta patranha nas costas de pessoas físicas. E a imprensa está aceitando este jogo, porque não quer ver que a grande beneficiária de negócios ilícitos não é a figura de Primo nem os operadores das consultorias offshore contratadas pela empresa. É a Siemens, que abiscoitou contratos de bilhões. E, claro, quem os concedeu por propina.

A Justiça da Alemanha e a dos EUA, que não são “bobinhas” como a imprensa brasileira, não livrou a empresa por lá, embora tenha também apurado a responsabilidade criminal dos agentes de sua corrupção.

A conta em Luxemburgo é “troco”, com seus US$ 7 ou 8 milhões. Pode até ser “comissão”, mas não é o bolo. O trem pagador andou por outros trilhos e Adílson Primo sabe em que estações ele parou. Por mais que tenham pingado uns trocados – trocados de milhões – para ele, quem comeu o bolo foram outros, os que concediam vantagens à empresa.

Primo vai ter de escolher e seu advogado sabe disso. Ou entrega o esquema em troca de uma delação premiada – o que a Siemens está tentando fazer contra ele, com o acordo de leniência com o CADE – ou vai confraternizar com o ex-colega de faculdade José Roberto Arruda no xilindró.

E porque Primo não fala? Ele está esperando para ver o que o peso político das gares onde parou o trensalão da Siemens consegue fazer. Se o Ministro Marco Aurélio Mello mandar devolver o inquérito a São Paulo, fica mais fácil desarmar o homem-bomba.
(Blog do Zé Dirceu)

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