Senhor
Presidente,
Colegas parlamentares,
Não
posso deixar de lamentar o quadro de violações ostensivas contra os direitos
humanos e de violência contra trabalhadores e outros grupos sociais mais
vulneráveis que prospera no Pará, com a omissão do governo do PSDB liderado por
Simão Jatene.
Ainda
mais por ter sido membro e presidente da federação dos trabalhadores na
agricultura do Pará, fiquei chocado com a violência praticada por policiais do
estado na ação de despejo no Acampamento do Movimento Sem Terra – MST na
Fazenda Dom Bosco no município de Igarapé-Açú, ocorrida no final do mês
passado. Atos dessa natureza depõem contra boa imagem da nossa polícia.
O
fato é que foi utilizada força absolutamente desproporcional contra 68 Famílias
que ocupavam a cerca de 45 dias a Fazenda Dom Bosco, para reivindicar a criação
de um assentamento de reforma agrária. A área é uma antiga colônia estadual que
foi reconcentrada de forma ilegal, segundo relato do próprio Presidente do
Instituto de Terras do Pará – ITERPA. Além da violência contras as famílias, os
maus policiais que efetuaram a operação constrangeram e agrediram os
representantes da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos - SDDH e da
Comissão Pastoral da Terra – CPT.
O
fato mais absurdo foi a invasão da propriedade legitimada por um mandado
expedido às pressas pelo Juiz da Comarca de Igarapé-açú ordenando a invasão e
destruição de barracos, fogões de barro, assentos e mesas de refeição da
família de dona Maria de Lurdes Cardoso da Silva em um lote de sua propriedade
fora da área em disputa.
Nem
as fatídicas lembranças de Eldorado de Carajás, também de responsabilidade de
um governo tucano, intimidaram a ação de alguns policiais pouco incomodados com
a posição de liderança do estado no ranking nacional das violações aos direitos
humanos.
Esse
caso de Igarapé-Açú integra o clima geral de insegurança vivenciado por
lideranças de trabalhadores rurais permanentemente ameaçados de morte pelo
latifúndio.
Pelo
menos 38 pessoas no sul e sudeste do Estado amanhecem o dia com a real sensação
que pode ser o último. São pessoas marcadas para morrer, de acordo com a lista
de ameaçados de morte feita pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) a partir de
levantamentos realizados nos municípios paraenses. São lideranças sindicais ou
trabalhadores rurais que passaram a ter mais receio em relação à própria vida
depois do assassinato em 2011 do casal de extrativistas José Cláudio
Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em Nova Ipixuna. A
propósito, o mandante desse crime bárbaro acabou de ser liberado pela Justiça.
Finalizado
em agosto de 2012, o levantamento da CPT é o mais recente a respeito de ameaças
de morte em consequência da luta pela posse da terra e mostra que a violência
no campo ainda é palavra de ordem no lado de baixo do mapa do Pará
conforme demonstra interessante matéria do Diário do Pará, de 1º de abril. De
acordo com os Cadernos de Conflitos no Campo, da CPT, nos últimos 10 anos 692
pessoas foram ameaçadas de morte no Estado do Pará; na maior parte dos casos,
nas regiões sul e sudeste do Estado.
Esse
número, embora alto, não representa a totalidade das pessoas vítimas desse tipo
de violência no campo. Muitos casos não são registrados porque as vítimas se
encontram em municípios isolados ou em regiões que não têm a presença da CPT ou
de outras entidades de defesa dos direitos humanos que possa fazer o registro
das ameaças.
Outro
fenômeno que envergonha os valores humanistas e da cidadania no meu estado diz
respeito aos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes que
adquiram dimensão vergonhosa em municípios como Altamira. Nos últimos três anos
o número de crimes dessa natureza superam o observado em toda a década passada
segundo o professor Assis Oliveira, da Universidade Federal do Pará – UFPA,
autor de pesquisa sobre o tema financiada pela Secretaria de Direitos
Humanos do governo federal.
Conforme
entrevista concedida ao site IHU, o professor mostra que nos últimos 3 anos
houve a precarização dos serviços públicos de enfrentamento da violência sexual
contra crianças e adolescentes, o que envolveu a diminuição do quantitativo de
profissionais, sobretudo nas áreas de atendimento, defesa e responsabilização.
A
pesquisa revela que o perfil majoritário das vítimas é de crianças/adolescentes
mulheres entre 11 e 15 anos, residentes de bairros da periferia e do centro da
cidade da Altamira.
Como
cidadão paraense, parlamentar federal e coordenador da bancada do estado Pará
no Congresso exijo maior diligência e ação do governo do estado para restaurar
a segurança pública no território paraense e, em especial, para zelar pela
segurança das camadas sociais mais expostas às violações de direitos e à
violência em geral.

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