quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Crime organizado, Estado desorganizado?

Em meio a tantas notícias sobre a corrupção praticada por servidores públicos ocupantes de cargos de alta relevância na Administração Pública brasileira, é duro perceber que quem está dando aula de organização e gestão são as organizações criminosas.

Hoje, tive acesso à notícia de que os assaltos praticados em bairros ricos da cidade de São Paulo eram organizados segundo um planejamento e zoneamento dos bairros onde os assaltantes poderiam praticar seus crimes, distribuídos em equipes previamente autorizadas para assaltar em suas respectivas zonas de atuação, mediante prévia autorização daquele que é considerado o líder da facção criminosa.

Os criminosos contam ainda com a participação de pessoas portadoras de informações privilegiadas, equipamentos sofisticados e invenções engenhosas, utilizadas para despistar as investigações policiais.

O que considero um verdadeiro desperdício de inteligência, criatividade, competência e energia utilizadas para a desobediência às leis do país.

Em contraponto, eu que estou à cerca de nove anos trabalhando na administração pública, tendo já passado pelos três níveis federativos, presencio, quase que diariamente a dificuldade de planejamento e gestão das informações e ações afetas ao Estado.

E olha que, de acordo com o princípio constitucional da legalidade, todos os atos da Administração Pública devem estar fundamentados em lei, pois como ficou cristalizado, ao Poder Público só é lícito fazer o que a lei autoriza.

Ou seja, mesmo tendo um "roteiro" de atuação, que se repete, em sua essência, a cada exercício financeiro, a cada mandato, verifica-se, rotineiramente, os mesmos erros, decorrentes da falta de gestão, organização e planejamento adequados.

Esse é mais um exemplo da inversão profunda de valores praticada por grande parcela da sociedade brasileira, ainda mais quando se tem consciência de que a existência do crime organizado, em boa parte, decorre da desorganização do Estado na prestação de serviços públicos essenciais, como educação, segurança e acesso ao trabalho.

No entanto, não sou pessimista. Os concursos públicos e as eleições estão possibilitando o acesso de uma nova geração de pessoas, com uma nova mentalidade, à cargos públicos relevantes. Conheço alguns e acredito que boa parcela "fará a diferença". 
Vinícius Peloso - Blog Direito de Informar

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