... Mesmo entre as principais entidades dos trabalhadores, a agroecologia ainda não foi pautada à altura do seu significado político e, portanto, não comoveu ao ponto de ensejar mobilizações de massa....
Assim, os esforços por uma política nacional sobre a temática refletem as ações de militantes dispersos em várias esferas do governo em sintonia com os anseios de lideranças de segmentos da sociedade civil. Não obstante essas limitações, a eventual política nacional para a agroecologia oferecerá uma rara oportunidade de luta pela emancipação política da agricultura camponesa. A depender do grau do engajamento social essa política poderá evoluir para dimensão compatível com as necessidades do descolamento, do modelo agrícola convencional, pelo menos de fração da agricultura de base familiar.
O certo é que o aprofundamento da modernização conservadora, entre várias consequências, especificamente representa séria ameaça para a identidade e para a própria sobrevivência de parcela considerável da agricultura camponesa. Assim, as agroecologias oferecem uma porta de saída para os camponeses, que tende a reabilitá-los enquanto classe social e a reposicioná-los produtivamente num outro modelo de produção e consumo compatível com as exigências da segurança alimentar. Portanto, dependendo dessa luta mudanças estruturais poderão ser viabilizadas para dar consistência a esse processo.
O manejo dos instrumentos econômicos para essa finalidade adquire importância decisiva. Cabe lembrar que essa agenda foi e continua sendo negligenciada pelo MMA a quem caberia a liderança nas tratativas correspondentes dentro do governo.
A pesquisa permanece como fator altamente limitante. Dentro da Embrapa, nas condições postas, são remotas as chances de logística, recursos humanos e financeiros em escala compatível com uma estratégia de pesquisa do gênero, na dimensão requerida. Mas, fora da Embrapa, também seria difícil. A possibilidade de criação de instância em nível de diretoria dentro da empresa para P&D em agroecologias seria uma alternativa.
Da mesma forma, os serviços de ATER deverão passar por profundas transformações, e os mercados institucionais deveriam gradativamente ser redirecionados para produtos agroecológicos. Nesse particular, as lutas por mais mercados institucionais com metas progressivas para esses produtos assumem importância singular.
Mais desafiador, ainda, será a viabilização da oferta em escala, o que poderá ocorrer mediante a multiplicação de unidades celulares de produção articuladas com processos coletivos de comercialização. Um enorme desafio para a organização desses trabalhadores. Enfim, os desafios não são triviais. Mas, pelo menos ainda há desafios! (Gerson Teixeira é Assessor Parlamentar - Lotado no Gabinete do Deputado Federal Beto Faro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário