... Assim, são minimizadas as implicações econômicas dos tempos biológicos nos prazos de rotação do capital, o que não ocorre num ambiente de mono cultivos...
Em suma, as principais lideranças dos trabalhadores rurais têm consciência das encalacradas ora enfrentadas pelos camponeses, bem assim, de que a modernização conservadora afasta a agricultura familiar de uma posição estratégica na economia agrícola do país num futuro mais ou menos próximo a depender da amplitude e da velocidade da evolução do processo de aquecimento global.
Nessa perspectiva, essa opção de modernização, que foi de certa forma inevitável ante os objetivos mais imediatos da inclusão, além de submeter a agricultura familiar às mesmas vulnerabilidades econômicas e ambientais da agricultura produtivista (mas sem as defesas desta), fragiliza o protagonismo desses trabalhadores na garantia da segurança alimentar.
É fato que as lideranças desse público transitam numa difícil zona de direção política. Afinal, entre aproveitar o ambiente institucional favorável para dar retorno às demandas materiais imediatas das suas bases, ou priorizar as lutas e demandas compatíveis com o reposicionamento estratégico da agricultura camponesa, seria difícil descartar a primeira opção. Uma alternativa de mediação entre as duas opções tem sido igualmente difícil.
De todo o modo, começa a adquirir densidade em setores do governo o tema da agroecologia. Tanto que, com a participação da sociedade civil, ocorrem debates pela formulação de uma política nacional para esse tema com foco para a agricultura familiar.
A questão que se coloca é a seguinte: essa iniciativa incluirá reformas estruturais que gerem políticas para a agricultura camponesa fundadas em uma matriz tecnológica que possibilite eficiência produtiva, diversidade e baixo impacto ambiental? Ou visa mais substrato para discursos às vésperas da ‘Rio+20’? É provável que o alcance dessa provável política estará circunscrito às franjas do sistema agrícola.
A absoluta hegemonia do agronegócio não permite expectativa diversa. Até porque o tema não mobiliza politicamente os núcleos dirigentes dos Ministérios correspondentes. Tampouco o tema se inscreve entre as prioridades estratégicas efetivas do Executivo, ainda que exista sensibilidade para o assunto. Mesmo entre as principais entidades dos trabalhadores, a agroecologia ainda não foi pautada à altura do seu significado político e, portanto, não comoveu ao ponto de ensejar mobilizações de massa. (Gerson Teixeira é Assessor Parlamentar - Lotado no Gabinete do Deputado Federal Beto Faro)
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