Discordo de muitas vozes quando afirmam que as principais dificuldades da indústria nacional neste momento sejam os altos custos que enfrenta. Não descarto sua importância, mas ressalto que custos altos o Brasil sempre teve e, mesmo assim, dobrou suas exportações nos últimos anos.
A redução dos custos, aliás, é prioridade do governo e vem acontecendo. Acredito que nesta questão o câmbio valorizado, a guerra comercial internacional pelos escassos mercados dinâmicos - entre os quais o Brasil - e a chegada da China ao nosso mercado de manufaturas e equipamentos exerçam um papel maior. Assim como os altos custos financeiros internos, ou seja, os juros bancários.
Todas as outras questões relativas a custos - da energia às rodovias - estão sendo equacionadas ou tendem a sê-lo no médio prazo, 3 a 5 anos. Há leilões de novas concessões à vista. Na semana passada lembramos neste blog, por exemplo, que o trecho mineiro da BR-116 deverá ser a próxima rodovia federal concedida à iniciativa privada. O mesmo se dará com a BR-040, entre o Distrito Federal e Juiz de Fora (MG).
E não faltam investimentos em curso. Só para citar alguns na área da logística, temos US$ 2,9 bi no porto de Santos; US$ 1,8 bi, no super porto do Açu; US$ 6,7 bi na ferrovia Norte-Sul; US$ 3,8 bi no Rodoanel trecho Norte; US$ 3,4 bi na ferrovia Trans nordestina. Na área de energia os valores são ainda maiores: US$ 16 bi na hidrelétrica de Belo Monte (PA); US$ 12,6 bi em Tapajós (PA); outros US$ 10 bi em Santo Antônio (RO), e US$ 8,2 bi em Jirau (RO).
O maior problema da indústria é que não há nada no horizonte sobre uma mudança radical na política de juros – o que implicaria, também, em uma mudança no sistema bancário e financeiro. O país precisa de concorrência nessa área e o Banco Central precisa fechar todos os canais que permitam aos bancos obter um spread de até 32%, sem o que não enfrentaremos a concorrência externa e não teremos competividade para defender nossa indústria. (Blog do Zé Dirceu)
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