Temos um quadro com muitos personagens, muitas cores e uma complexidade razoável. Segundo o jornal Valor apurou, alguns governadores estariam se reunindo com empresários para buscar seu apoio a um movimento a favor das importações, engrossando a “guerra dos portos” denunciada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Esses chefes do executivo estadual operam no sentido contrário à Resolução 72/2010, defendida pelo governo, que prevê a uniformização da alíquota do ICMS interestadual para importações e que o tributo seja recolhido no destino e não na origem da mercadoria. É a fome com a vontade de comer. Isto porque muito empresários, na busca por baratear seus custos num cenário extremamente competitivo, veem na importação uma resposta de curto prazo para seus problemas.
Já a Força Sindical, com apoio do PSDB, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e de Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo e cacique do PSD, quer tomar para si a bandeira da defesa da indústria brasileira. Paulinho da Força Sindical, recebido na semana passada pela presidenta Dilma Rousseff, elevou o tom: "O governo tem sido muito lerdo". E foi propor a articulação de uma ação chamada de "Movimento dos 100 mil" a Kassab, ao governador Geraldo Alckmin, a representantes da FIESP, da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). Pretende promover, já no dia 4 de abril, uma grande manifestação.
Pingos nos is : Está na hora de colocarmos os pingos nos is. O que vemos é que governo está, sim, fazendo a sua parte para fortalecer a indústria nacional. Se a reforma tributária não sai é por causa da oposição. Todas as demais medidas que cabem ao governo estão, uma a uma, sendo tomadas.
O governo está reduzindo juros, adotando medidas de proteção comercial e controlando o fluxo de capitais ao país. Também está à frente da desoneração da folha de alguns setores, da redução do preço de energia. Aliás, o que mais pesa hoje no custo da energia, das telecomunicações e dos transportes é o Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços (ICMS). Daí a importância da reforma tributária - parada na Câmara pela ação de governadores, começando pelos do PSDB.
Boicote à resolução 72: E como fica a proposta da resolução 72? Aqui é bom que se diga, ela vem sendo bloqueada pela ação desses mesmos governadores e de seus parlamentares que se beneficiam guerra dos portos.
Sugiro, portanto, que o "Movimento dos 100 mil" seja deslocado para a frente dos palácios desses governadores, que estimulam a guerra dos portos. Sugiro, ainda, que o movimento apresente suas propostas. Apenas denunciar que os custos da energia estão altos e dólar barato está barato é chover no molhado. Ações do governo para enfrentá-los já estão em andamento. Se não houver propostas concretas, veremos que esse será mais um daqueles movimentos políticos cujos objetivos são outros, muito diferentes dos alardeados publicamente. (Blog do é Dirceu)
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